Seguindo o Cronograma de lançamento das minis da Coleção Clássicos Nacionais 2 do jornal Extra do Rio de Janeiro, a seguir a 9ª miniatura da coleção, o esperadíssimo Ford Maverick GT.
Com o Opala, a GM ocupava a faixa dos carros médios e disputava com a
Ford o segundo lugar entre as montadoras a Volks vinha tranqüila na primeira
posição. O Aero Willys deixou, ao sair de linha em 1971, a Ford sem um modelo
para combater o Opala. Para cumprir essa missão foi escalado o Maverick,
produzido desde 1969 nos Estados Unidos.Depois de passar por dois anos de
testes e aclimatação às nossas condições, o Maverick foi lançado em junho de
1973, na versões Super, Super Luxo e GT. No final do ano sairia a de quatro
portas. Os modelos tinham de série, o motor de seis cilindros, uma evolução do
velho 3000 que equipava o Itamaraty, versão mais luxuosa do Aero Willys. Mas a
estrela da linha era mesmo o GT, um esportivo com o motor V8 302 de 197
cavalos, que era opcional nos outros veículos. Logo no lançamento, o teste de
QUATRO RODAS registrava as marcas do novo "monstro". Apenas 11,6
segundos na prova de 0 a 100 km/h e 178 km/h cravados na máxima.
Acelerar hoje o quase quarentão
Maverick é coisa de cinema. O borbulhar do V8 faz lembrar as cenas de Bullitt,
filme em que Steve McQueen voa pelas ladeiras da cidade de San Francisco
pilotando um Mustang no encalço dos bandidos que estão a bordo de um Dodge
Charger. A alavanca do câmbio de quatro marchas, bem próxima do motorista, faz
com que se mudem as marchas com facilidade e rapidez. Durante a troca, uma
acelerada. Menos para manter o giro, mais para ouvir o som dos oito cilindros
embalando a agulha do pequeno conta-giros sobre o volante. A direção hidráulica
é exageradamente leve e não transmite segurança compatível com o entusiasmo. O
carro parece "flutuar".
Está longe da precisão e da progressividade dos modelos atuais. Mas poucos quilômetros de estrada são suficientes para uma boa adaptação. À medida que se acelera, o Maverick V8 safra 1973 vai devolvendo em prazer os litros de gasolina que desaparecem do tanque. Certamente esse mesmo prazer não é compartilhado pelos passageiros do banco traseiro. O espaço é apertado, e a altura, exígua. As janelas laterais traseiras identificam um claustrofóbico em poucos segundos.
Como se vê, de carro de família, o GT não tinha nada. Ele inspirava mesmo era competição, desafio. Nas noites dos anos 70, os "rachas", comuns em São Paulo, não começavam sem a presença deles. Seu principal oponente era justamente o Opala, que compensava o fato de ter motor menor com um peso inferior ao do Maverick. A briga ficou feia para o Ford quando a GM lançou, em 1975, o motor 250-S, uma evolução mais nervosa do tradicional seis cilindros.
A Ford ameaçou responder com o Maverick Quadrijet, equipado com carburador quádruplo e comando de válvulas especial que serviria de fortificante para o V8. Ficou só na ameaça. Essa fórmula passou a ser restrita aos carros de pista e a alguns poucos GT de rua cujos donos podiam se dar ao luxo de arcar com o alto preço das peças daquela época de importação restrita.
Mas o pior ainda estava por vir. Em 1977, a crise do petróleo levou a Ford a substituir o velho seis cilindros pelo novo 2.3 de quatro cilindros. Essa opção, que acabou dominando o mercado, também foi estendida ao GT, relegando o V8 ao papel de bebedor compulsivo. Nem é preciso dizer que o quatro cilindros era apenas uma pálida caricatura do original e que esse foi o canto do cisne que, antes de morrer, virou patinho feio. O GT foi produzido ao longo de sete anos.
Fonte Revista 4 Rodas
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