Aqueles que estiveram no V Salão do
Automóvel, em novembro de 1966, tiveram a sensação de ter aplicado muito bem os
1000 cruzeiros pagos pelo ingresso. Os carros expostos eram de acelerar o
coração: o esportivo Uirapuru, o sofisticado sedã Esplanada, a limusine
Itamaraty Executivo, o arrojado Puma e até o Onça, um esquisito protótipo que
lembrava um Mustang, montado sobre um chassi do FNM 2000. Mas era no estande da
Ford que estava a estrela maior, o Galaxie 500. A grande carroceria de linhas
retas e a grade que preenchia toda a frente encantou o público e a crítica. E
se o Ford agradou parado, no Salão, quando foi para as ruas, arrasou.
Com um espaço
generoso, macio e silencioso ao rodar, o Galaxie estabeleceu um novo padrão de
conforto. "Dá para dirigir com apenas um dedo", diziam os primeiros
felizardos que experimentaram o carro, referindo-se à direção hidráulica, uma
novidade nos carros nacionais de então.
Ainda hoje o Galaxie impressiona pelas qualidades que fizeram sucesso na época do lançamento. O espaço dos bancos é mais do que suficiente para seis pessoas e poderia acomodar até oito passageiros. O quebra-vento, acionado por uma manivela, ou a luz que ilumina o isqueiro são detalhes que impressionaram na época. Porém, nada supera o painel, com o velocímetro de escala horizontal, uma solução típica dos carros americanos dos anos 60. O câmbio é manual, de três marchas - a transmissão automática era exclusividade do LTD, a versão mais luxuosa, lançada em 1968 -, e o freio de mão é no pé: pisa-se para travar e puxa-se uma alavanca debaixo do painel para soltá-lo. A direção leve esterça o bastante para compensar o tamanho do carro, um modelo 1968 com o motor de 164 cavalos, o primeiro e menos potente dos motores que equiparam a linha, que chegou aos 199 cavalos na famosa versão 302, canadense. Mas ele anda bem, apesar do seu peso de 1780 kg, desde que se pise com decisão no acelerador.
O "500" que
compõe o nome do carro é uma alusão às provas de longa duração muito comuns nos
Estados Unidos - como as 500 Milhas de Daytona - nas quais o carro logo ganhou
fama de vencedor. O Galaxie surgiu em 1959 como uma versão do Ford Fairlane.
Fez tanto sucesso que ficou independente já no ano seguinte. A família cresceu
com as versões duas portas, conversível e quatro portas sem coluna.
Depois do Galaxie e
do LTD, veio o LTD Landau, em 1971, o top da linha. Sua marca registrada era o
pequeno vidro traseiro e o "S" em cada coluna C. A partir de 79
somente o Landau continuou a ser produzido. No dia 14 de janeiro de 1983, os revendedores
Ford receberam um comunicado assinado pelo gerente geral de vendas da fábrica
que anunciava o final da produção do Landau. No total, 77850 Galaxie saíram da
linha de montagem da fábrica da Ford no Ipiranga, em São Paulo. O que consola
os fãs do Galaxão é que muitos continuam rodando macio e com saúde.
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